Aprendi com os Reis Magos

Aproveitando o dia de hoje, em que a Igreja Católica comemora o dia dos Reis Magos, fiz uma pequena reflexão sobre esses personagens da Natividade de Jesus e compartilho com todos. O Cardeal Arcebispo de São Paulo publicou um artigo no folheto Litúrgico O Povo de Deus (clique aqui para ver) lembrando que a festa de hoje não é “a Festa de Reis”, porque eles não são o centro da festa, mas sim, e sempre, Jesus Cristo. Ele é o motivo das festas de santos existirem, quaisquer que sejam.

Mas, claro, como católicos, nós veneramos cada um dos santos em suas virtudes, que têm sempre motivação no seguimento de Jesus Cristo. E com os magos do Oriente não é diferente: embora tenham uma passagem rápida no Evangelho de Mateus (Mt 2, 1-12), desaparecendo em seguida, sua passagem pode nos ensinar preciosas lições, que enumero abaixo. Mas antes, uma pequena catequese sobre os magos:

Melquior (velho, circunspecto, de barba e cabelos longos e grisalhos), presenteou o Menino Jesus com ouro, símbolo da realeza; Gaspar (jovem, imberbe e louro), trouxe o incenso, símbolo do sacerdócio de Cristo, enquanto que Baltazar (preto e totalmente barbado), ofertou a mirra, perfume que os judeus usavam para embalsamar os mortos, simbolizando a humanidade de Jesus e antecipando o seu martírio. Essa descrição fisionômica foi feita no século XII, por São Beda, doutor da Igreja, numa inspiração divina. Ela até pode ser questionável, mas também ela traz ensinamentos, muito mais do que factualidades.

1 – Aprendi com os reis magos que nosso olhar deve estar sempre voltado para o Céu. Estudiosos que eram dos astros, os magos notaram a nova estrela que nasceu e logo entenderam que era o cumprimento das promessas bíblicas. Deus, muitas vezes, fala conosco e nem percebemos, porque temos nosso olhar voltado demais para as coisas terrenas, deixando de perceber a Sua ação em nossas vidas.

2 – Aprendi com os reis magos que para Jesus devemos oferecer o nosso melhor. Eles não pouparam suas riquezas e levaram o que havia de mais valioso para presentear o rei nascido. Obviamente, o ouro tinha mais valor financeiro que a mirra, por exemplo, mas isso não impediu o rei de dar esse presente, que era o melhor que ele tinha. Jesus merece: nossa melhor roupa para visitá-lo na Santa Missa; nossa melhor sentimento quando fazemos caridade (e não apenas um momento de fazer selfies e postar na Internet); nossa melhor ajuda, quando doamos aos necessitados (e não aquilo que nos sobra); e assim por diante.

3 – Aprendi com os reis magos que distância não deve nos impedir de buscar a Jesus. Eles enfrentaram uma longa jornada, certamente embaixo de sol, frio e chuva, com perigo de assaltos no deserto, mas sempre com o foco em encontrar o Rei Menino. Vejo pessoas que inventam as maiores desculpas para frequentar a Igreja, participar de um curso bíblico ou algo parecido. É longe, está chovendo, não tenho tempo, não preciso ir à Igreja para rezar… tudo isso só reflete uma falta de zelo – e não de amor – com o Senhor, que merece nosso carinho e nossa visita, mesmo estando “longe”.

4 – Aprendi com os reis magos que, às vezes, a gente se perde no caminho, mas quem tem o coração voltado para o Céu, sempre reencontra a luz da estrela guia que nos mostra onde está Jesus. Em nossos caminhos, muitas nuvens escuras podem surgir para esconder a luz de Deus que brilha em nós. O importante é nunca desistirmos da busca e até pedirmos ajuda, se for necessário (mesmo que essa ajuda venha de alguém não muito aconselhável, ela pode nos ajudar a reencontrar o caminho correto!)

5 – Aprendi com os reis magos que quem encontra Jesus muda seu caminho. Os magos tinham prometido voltar a Herodes para informá-lo onde estava Jesus. Mas depois do encontro, perceberam que aquele menino tinha algo mais do que aparentava e decidiram seguir por outro caminho. Um encontro com Jesus muda nossa vida e não podemos mais voltar pelo caminho que viemos. Ele abre um caminho novo, longe do pecado e da morte. Mas a escolha é só nossa.

6 – Aprendi com os reis magos que não importa a cor da sua pele, sua idade ou sua procedência: Jesus está de braços abertos para acolher a todos, desde que tenham um coração puro. E que também não importa sua classe ou posição social, nem suas posses ou seu grau de conhecimento: diante de Jesus, todo joelho se dobra e O adora, porque Ele é o centro de toda existência. Mesmo com toda sua importância, os reis desapareceram, cumprindo antecipadamente as palavras de João Batista: “É preciso que Ele cresça e eu diminua!” (Jo 3, 30).

7 – Por fim, aprendi com os reis magos que santo também erra o caminho. O que faz a santidade não é a perfeição, mas sim a busca constante de cumprir a vontade de Deus. Mesmo pertencendo a outro povo, fora da região de Jerusalém, que tinham para si a alcunha de “povo escolhido”, os magos tinham conhecimento das Sagradas Escrituras e aguardava o Messias anunciado. Como diz São João, “Ele veio para os seus, mas os seus não O acolheram” (Jo 1, 11). Em contrapartida, os de fora vieram de longe para adorar o Menino Deus.

Essas são apenas sete lições que os magos nos ensinam. Contemplando a figura desses três personagens bíblicos e meditando em seus papéis na História da Salvação, podemos tirar muitos outros ensinamentos preciosos.

Eduardo Marchiori

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